quarta-feira, 9 de maio de 2012

         Quem e DR:Melara?quem e esse  transgressor?



José Efraín Melara Méndez. Salvadorenho, descendente dos maias, herdeiro da tradição druida, que aos 89 anos está no apogeu de sua vitalidade. Um cara que acorda às 4 da manhã para fazer exercícios e dedicar-se à pesquisa científica isolado em seu sítio, numa espécie de revolução silenciosa rumo à libertação do paradigma sobre o que sabemos a respeito da saúde (ou melhor, sobre as doenças, porque a Humanidade hoje está tão focada nas doenças que perdeu o rumo do que é saúde de verdade).
Quem vê esse cara nem imagina que ele chegou ao Brasil na década de 60, vindo de El Salvador por terra, atravessando a floresta amazônica a pé, interagindo com os índios colombianos e brasileiros. Fixou-se em Brasília, onde desde então se dedica a restabelecer a saúde das pessoas sem uso de nenhum remédio por meio da Naturopatia, ciência milenar da qual ele é hoje o maior mestre mundial vivo.
E por que Melara é a maior referência da Naturopatia na atualidade? Porque ele não fez e não faz nenhuma concessão ao sistema, não faz propaganda de seu trabalho, não mercantiliza seu talento, não se adapta à cultura dominante. É mais de meio século de trabalho no tratamento das “doenças” usando apenas os elementos da Natureza e a mudança radical dos hábitos alimentares, com absoluto sucesso.
Por influência dele, centenas de pessoas mudaram suas vidas e reencontraram a saúde ou a conheceram pela primeira vez. E sabe por quê? Porque, para ele, os sintomas não se combatem, não se “atacam”, apenas se eliminam. Os sintomas são os sinais do desequilíbrio. Portanto, não adianta ”atacar” ou “combater” os sintomas, nessa linguagem militarista de quem enxerga a vida como um permanente combate. Não adianta focar na conseqüência sem encarar a causa. Melara vai às causas, e não importa a gravidade do sintoma, daí a genialidade desse cara.
Melara é um transgressor. O maior de todos. Já recuperou a saúde de milhares de pessoas com “doenças” graves, muitas em estado terminal e desenganadas pelas chamadas medicinas oficiais. Para a Naturopatia, a doença é uma só – o desrespeito às leis biológicas que leva ao desequilíbrio funcional do organismo. Para Melara, as doenças não existem. E, portanto, não existe cura.   
Melara tem se dedicado, hoje, à busca de um território comum que una todas as pessoas que tentam sair do círculo de fogo de nossa civilização, que está levando rapidamente à destruição da vida no planeta.  O conhecimento básico, de seu ponto de vista, é o do equilíbrio interno, porque o desvio que nos levou à separação do todo e à dualidade foi o surgimento das doenças, a partir do desrespeito às leis biológicas – quando o ser humano passou a se alimentar de qualquer coisa, rompendo o equilíbrio no seu microcosmo.
E passando, em conseqüência, a contribuir para o rompimento do equilíbrio do macrocosmo que hoje chega perto do limite extremo. No micro como no macro, dentro como fora, em cima como embaixo, porque tudo faz parte de uma grande unidade – da qual nos apartamos.
É incrível que os grandes sábios da humanidade sempre cheguem à mesma constatação: de que a grande sabedoria é perceber que estamos andando quando andamos, que estamos comendo quando comemos. A constatação é simples: as pessoas em geral não se conscientizam de que estão comendo quando comem ou que estão andando quando andam porque estão dormindo, não estão com os pés no agora, no presente. Porque pensam o tempo todo, descontroladamente, são escravas do passado ou se projetam no futuro. São robôs genéticos. Melara dá a isso o nome de nebulosa intelectual - ou nebulosa colesterólica.
Os sábios da humanidade, que identificaram o sintoma do pensamento descontrolado, do diálogo interno incessante, desenvolveram várias estratégias para se livrarem desse sintoma, dessa nebulosa, e a mais poderosa foi a meditação. Nesse território comum, no entanto, nos cabe mirar na causa: as nuvens de colesterol que impedem que os neurônios se harmonizem e se conectem, permitindo às pessoas ligar e desligar o mecanismo do pensamento – focando-o sem esforço, naturalmente, quando necessário, e mergulhando no silêncio quando não há o que pensar, também naturalmente. E isso se obtém através da recuperação do equilíbrio interno, através da Naturopatia, a ciência que Melara sintetizou e normatizou.
O que a Naturopatia busca é encontrar o caminho de volta às origens, antes do início da chamada história, para que possamos refazer nossos passos em conformidade e harmonia com o planeta e com a biodiversidade, na unidade dos contrários – a visão dialética da vida. A saúde é o estado natural da espécie humana. Não é nem pode ser resultado de intervenções externas.
Hoje, a economia mundial é totalmente virtual. O dinheiro que circula na velocidade da Internet não tem existência real. Se ¼ das pessoas que têm dinheiro em conta forem aos bancos na mesma hora retirar seus saldos, não haverá papel-moeda para todos. A crise econômica atual é conseqüência disso. É a radicalização da ficção criada pelo homem, que ele chama de história, e que é passada adiante através da correia de transmissão da cultura – uma cultura que está nos seus estertores.
À pior de todas as ficções se dá o nome de PIB – produto interno bruto. Em tese, quanto maior o PIB de um país, maior sua “riqueza”. É o investimento na destruição e na morte, na doença, porque o PIB é a soma de todo o dinheiro que um país movimenta – receitas e despesas.
Por isso, a floresta amazônica intacta não afeta o PIB, mas se ela for destruída e transformada em pastos, gerando negócios e “riquezas”, o PIB dispara. Da mesma forma, se na agricultura há aumento da “produtividade”, ainda que à custa de alimentos geneticamente modificados, de uso abusivo de defensivos agrícolas, herbicidas e adubação química, que levam as pessoas aos hospitais – tanto as que manipulam os venenos, quanto as que consomem os alimentos envenenados -, o PIB aumenta. Por sua vez, se a terra for tratada com respeito (como na permacultura e na agrofloresta), o impacto no PIB quase não existe.
E o impacto é duplo, porque quanto mais pessoas nos hospitais, mais aumenta o PIB – crescem as despesas com médicos e hospitais e também com medicamentos. Por isso quem busca a saúde sem uso de remédios é atacado – porque buscar a saúde real também é contra o PIB. Do ponto de vista do sistema, um cara como Melara é um subversivo, porque ensina as pessoas a serem seus próprios médicos, a não dependerem de médicos, medicamentos, hospitais e UTIs. A não colaborarem, enfim, com o crescimento e o progresso, com o PIB.
O sistema, em si, é o problema. E a raiz do problema – o “pecado capital” - é a separação da natureza – a apartação. A perda do compromisso essencial de viver de acordo com as leis biológicas – e de favorecê-la, sempre. De ser parte de uma biodiversidade onde a interdependência é total.
Por isto, esse cara, Efraín Melara, é o maior transgressor, porque seu trabalho, seus livros, sua pesquisa, a Naturopatia e as naturoterapias buscam a saúde, e a saúde não ajuda no “progresso” nem aumenta o PIB, porque a pessoa saudável não compra remédios, não procura médicos, não freqüenta hospitais, não fica internada nas UTIs, não faz cirurgias.  Ele é contra o que se chama “progresso”. Embora a favor do verdadeiro progresso, o caminho para dentro e para a harmonia com o todo. E para a unidade com a natureza.
Mais do que isso: ele nos sinaliza para o retorno até antes do primeiro passo errado - que nos levou à separação da natureza, à pretensão de conquistá-la, como se a parte pudesse conquistar o todo -, que é o território comum que une todas as pessoas que buscam sair do círculo de fogo do sistema e da cultura dominante, que estão nos levando até muito perto da destruição do planeta e da vida. Separada da natureza, a espécie humana projetou para o exterior o que fazia com seu interior, em seu corpo – com seus rios, com sua flora, com sua fauna de microorganismos.   
Qualquer ação que não parta da simples constatação de que nós vivemos dentro de uma ficção está fadada ao fracasso, porque joga dentro das regras do sistema, comunga com ele. Contra ou a favor, pouco importa. É irrelevante o papel que se desempenha nessa ficção, se é de bandido ou herói, de rico ou pobre, de conquistador ou conquistado, de dominador ou dominado, de famoso ou anônimo, se faz sucesso ou fracassa, de vilão ou de mocinho, de alegre ou triste, de religioso ou ateu, se é santo ou pecador.
Ou se a pessoa abriu ou não mão dos bens materiais, se vive no mercado ou como ermitão na montanha. Se a pessoa é um fiel cumpridor das leis ou um desajustado. Se a pessoa toma drogas legais ou ilegais (porque quase tudo nessa civilização é, de fato, droga). Se a pessoa é um cidadão honesto ou um criminoso.
Afinal, o criminoso é aquele que ficou, pelas circunstâncias, à margem do consumo, dos desejos insuflados pelas necessidades do PIB, através da publicidade e do consumismo desenfreado, da compra de bugingangas inúteis, e que resolve tomar o poder pelas armas. Todos fazem parte da mesma ficção. Todos estão vivendo a mesma mentira. Todos são vítimas e algozes - e estão sofrendo as conseqüências das circunstâncias que a “evolução” da civilização humana trouxe. E, em meio à crise econômica, todos os governantes só faziam um apelo desesperado: não deixem de comprar. Porque, se deixarmos de pedalar numa sociedade onde o crescimento e o progresso são sinônimos de consumo, onde o deus mercado dita as regras, a bicicleta cai.  
Não importa o quanto se investiu nessa ficção: milhares de anos ou bilhões de dólares. Basta entender que é uma ficção, sair dela e voltar a ela com plena consciência, sem se identificar com ela. Não ser mais um personagem dela. Mostrar, enfim, coisas óbvias: que quem procura onde não há, não encontra. Que não podemos nos identificar com a ficção, acreditar nela, vivê-la como se fosse a realidade.
E passar a viver dentro dessa consciência cósmica, de quem é parte de um todo. Parte de uma inteligência infinita, um fenômeno eletro-magnético que gerou a vida, e que a vida depende do equilíbrio, da interdependência entre todos os seres, em todos os estágios da matéria, em permanente mutação e transição. E em total harmonia.
O que importa é entender que o que chamamos vida é uma ficção, compreender a trama onde estamos metidos, promover a reconexão com a natureza e com o Todo, passar a viver de acordo com as leis imutáveis do Universo, e não de acordo com as regras da ficção/civilização. Se desprogramar. Reaprender. Escolher o que serve e o que não serve.
Precisamos entender que o sistema é autofágico. A ficção criada pelo homem o levou ao impasse total. Ao mito do crescimento, da riqueza, do consumo desenfreado, que torna até a água - sem a qual ninguém vive - um instrumento de lucro. Que destrói e esgota os bens finitos da natureza, explorando-os como se fossem infinitos. Que acaba com a biodiversidade, sem perceber que tudo e todos na natureza formam uma grande unidade, que a interdependência é absoluta, que estamos, todos, mergulhados no mesmo oceano formado por oxigênio, hidrogênio e nitrogênio – o que chamamos de ar. Que também destruímos.
E que não sobreviveremos se não entendermos que não precisamos buscar nada, além de simplesmente viver, sorver o êxtase de existir em comunhão com as outras espécies minerais, vegetais e animais, que somos geradores de energia e que não podemos viver em curto-circuito constante e permanente. Que a vida é movimento, mutação, fluxo, metamorfose, e que cada espécie traz um software, um programa, que não pode ser ignorado ou desvirtuado. Que cada espécie tem uma vibração eletrônica diferente, e que esta vibração é que faz a diferença, a diversidade.
A vida não tem lógica. Criamos a lógica para destruir a vida. E nisso somos muito bons: mestres em destruição. O homem destrói tudo: a água, o ar, as matas e florestas, a terra, os bichos, as pedras, o óleo de pedra chamado petróleo, deixando a Terra oca. Precifica tudo. Explora tudo e todos.
Mas não adianta tentar mudar as coisas de dentro do círculo do sistema, que a tudo dilui e incorpora – como fez com a contracultura das décadas de 60 e 70. Não adianta entrar no jogo da política. Porque não há nada mais igual do que quem faz e quem critica. Revoluções nunca levaram a nada, porque a engrenagem do sistema transforma tudo de novo em seu contrário. O poder corrompe absolutamente.
O que nos resta é sair da ficção, entendê-la, compreendê-la, agregar mais pessoas e mais conhecimentos reais, recuperar o instinto e esperar que se coloque sobre a tela do que chamamos vida a palavra FIM. Para um recomeço. Identificar os conhecimentos que podem ser aproveitados na re-construção da rota dos seres humanos, dessa arca de Noé de sobrevivência do planeta e da biodiversidade. E integrar esses conhecimentos.
E esse cara, Efraín Melara, certamente é uma das chaves para abrir essa porta.


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